Forma de o povo ver, entender e interpretar o mundo.
Texto e Pesquisa: Edma Ribeiro Pacheco – Professora de História, Historiadora e Pesquisadora.
Dia 22 de agosto, comemora-se o Dia Mundial do Folclore. O Colégio Otávio de Souza estará marcando esta Data com eventos que envolverão todas as áreas e setores da nossa Escola. Folclore é um tema amplo, complexo e profundo. Por isso, antes da elaboração do projeto que irá determinar as práticas pedagógicas que elegeremos para trabalhar este conteúdo, é muito importante conhecer o conceito, as implicações e a amplitude deste tema.
O QUE É FOLCLORE?
Define-se Folclore como a ciência que estuda todas as manifestações espontâneas do povo, tanto no aspecto material quanto espiritual, que foram passadas de geração à geração através da tradição oral. Portanto, o Folclore está estreitamente ligado à cultura popular (não erudita ou letrada). O Folclore traduz a maneira que em determinado momento o povo sentiu, entendeu, criou ou interpretou um determinado fato. Um fato folclórico não precisa ter comprovação, pode nascer da imaginação, fantasia, crença ou entendimento de um determinado grupo social. Sintetizando, podemos dizer que Folclore é a ciência do povo: são tradições, costumes, crenças, enfim, tudo que nasceu do povo e foi transmitido através de gerações. Pode-se também incluir como Folclore, modos de pensar, sentir ou agir de um povo ou grupo social, preservados pela tradição popular e pela imitação.
Como o Folclore se mantém e é transmitido pela tradição oral, é algo dinâmico, que vai se modificando e agrega novos elementos com o passar do tempo e de região para região.
Segundo o ITFG - Instituto de Tradição e Folclore Gaúcho, a palavra FOLCLORE – folk (povo) lore (saber, conhecimento) – foi criada pelo inglês Willian Thomas, em 22 de agosto de 1846, e este dia foi institucionalizado como o “Dia do Folclore” no mundo.
No Brasil, o Dia do Folclore foi decretado em 1965, visando a “assegurar a mais ampla proteção às manifestações da criação popular, não só estimulando sua investigação e estudo, como ainda defendendo a sobrevivência dos seus folguedos e artes, como elo valioso da continuidade tradicional brasileira”.
Folclore inclui:
Crendices: Adivinhações, Devoções populares, Superstições.
Linguagem Popular: Ditados, Literatura Oral, Trava-Língua.
Festas, como por exemplo: Festa do Divino, Festas Juninas, Congados, Celebrações do Natal, etc.
Músicas e Danças que traduzem maneiras de celebrar, ver e entender as coisas.
Medicina Popular: Benzeduras, Ervas.
A medicina popular de acordo com o enfoque e a forma de aplicação pode ser dividida em:
Medicina Mágica: Ligada a fenômenos sobrenaturais, envolvendo aspectos de crenças.
Medicina Religiosa: Segundo Alceu Araújo, em seu livro Folclore Nacional - Ritos, Sabença, Linguagem, Artes e Técnicas; a causa do mal esta sempre no sobrenatural, daí a importância de técnicas como as adivinhações, homenagens às divindades ofendidas e as terapêuticas em ritos, sendo oficiantes os Pais ou Mães de Santos.
Medicina Empírica: Deve se entender por Medicina Empírica como sendo a forma de medicina popular na qual o homem lança mão dos recursos materiais que a natureza lhe coloca a disposição.
Lendas: Rurais e Urbanas, Histórias de Assombração, Histórias do imaginário.
Modos de Fazer: Rendas, Bordados.
Modo de vestir: Indumentárias
Curiosidades:
Ditados Gauchescos (Catalogado e publicado pelo Instituto de Tradição e Folclore Gaúcho).
Ditado, como o nome diz, é a expressão que através dos anos se mantém imutável, indicando exemplos morais, filosóficos e religiosos.
Os provérbios e os ditados populares constituem uma parte importante de cada cultura. É máxima sentença, popularizada ou consagrada pelo uso, a qual é menos vulgar, que o adágio e de moral mais segura e severa.
No RS os ditados representam claramente as especificidades da língua e da forma de falar do gaúcho.
Abaixo alguns exemplos:
* Calmo que nem água de poço.
* Mais perdido que cego em tiroteio.
* Mais curto que estribo de anão.
* Mais perdido do que cusco em procissão.
* Feliz que nem lambari de sanga.
* Mais arisca do que china que não quer dar.
* Mais bonita que laranja de amostra.
* Mais conhecido que parteira de campanha.
* Mais encolhido que tripa na brasa.
* Mais sujo que pau de galinheiro.
* Tranqüilo que nem água de poço.
* Firme que nem prego em polenta
* Saracoteando mais que bolacha em boca de veia.
* Solto que nem peido em bombacha.
* Mais faceiro que guri de bombacha nova.
* Mais por fora que quarto de empregada.
* Mais apressado que cavalo de carteiro.
* Devagarzito como enterro de viúva rica.
* Mais difícil que nadar de poncho.
* Extraviado que nem chinelo de bêbado.
* Mais feio que briga de foice no escuro.
* Mais gasto que fundilho de tropeiro.
* Mais gostoso que beijo de prima.
* Mais grosso que rolha de poço.
* Mais chato que chinelo de gordo.
* Mais curto que coice de porco.
* Mais afiado que língua de sogra.
* Enfeitado como bidê de china.
* Feliz como pinto no lixo.
* Frio de empedrar água do poço.
* Rebola mais que minhoca nas cinzas.
Para brincar, use sempre uma das perguntas:
Qual a diferença? ou qual a semelhança?
Entre o trem e o galo?
R: O trem corre na linha e o galo atrás da galinha.
Entre o forno e a lagoa?
R: O forno assa pão e na lagoa há sapinhas.
Entre o cachorro e o carro?
R: O cachorro corre para pegar e o carro se pega para correr.
Entre a galinha e o tecido?
R: A galinha bota e o tecido desbota.
Entre a mulher e o leão?
R: A mulher usa pó e o leão ruge.
Entre o sutiã e a ambulância?
R: A ambulância carrega os feridos e o sutiã os caídos.
Entre o médico e o matemático?
R: Ambos fazem operações.
Entre a calça e a bota?
R: A calça a gente bota, a bota a gente calça.
Entre o poste e a mulher grávida?
R: O poste dá luz em cima, a mulher dá à luz em baixo.
Entre o maquinista e a costureira?
R: O maquinista bota a máquina na linha, a costureira bota a linha na máquina
Entre a morte e o sapato?
R: A morte vem com a tristeza, o sapato com sola.
Entre o papagaio e a noiva?
R: Ao papagaio se pede o pé, à noiva, a mão.
Entre o sargento e um bule furado?
R: O sargento foi soldado e o bule não.
O que é o que é?
Que quanto mais cresce, menos vê?
R: A escuridão.
Que quando entra na água, não se molha?
R: A sombra
Que cai em pé e corre deitado?
R: A chuva
Fonte:
CÂMARA CASCUDO, Luís da. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, [s.d.].
CARVALHO NETO, Paulo de. Folclore sergipano: primeira sistemática sintética e primeira antologia 1883 a 1960. Aracaju: Sociedade Editorial Sergipana, 1994. p.59-61.
MELO, Veríssimo de. Folclore infantil. Rio de Janeiro: Cátedra; Brasília: INL, 1981. p.93-142.
RIBEIRO, Paula S. 1987. Adivinhações Populares. Porto Alegre
Postado por Professora Edma
